segunda-feira, 30 de julho de 2012

Humor vermelho-sangue.




 Acabou a piada mas não houve risos, não houve aplausos. Porque não havia público, ele estava sozinho. E por alguma razão, o palhaço achou graça. Deu uma risada doentia e quebrou a vidraça. Ao invés de marreta, seu corpo foi a ferramenta, jogado contra a janela. A lua refletiu brilhante nos cacos de vidro. O palhaço ainda sorrindo, mirou onde o corpo iria cair. Fechou assim, com chave de ouro, o espetáculo. Sua última piada foi letal, fatal, mortal. A lança pontiaguda da grade lhe atravessou o peito, mas estranhamente ele ainda sorria. De uma certa forma, o riso do palhaço nunca morreria. A polícia chegou, o povo parava pra assistir, o palhaço pendurado na grade, o corpo sangrando e os olhos mortos vendo o sol surgir. A multidão horrorizada jamais iria compreender: sem público para lhe aplaudir, o palhaço preferiu morrer.

Nota da autora: Eu ainda tô viva. :)