quarta-feira, 30 de junho de 2010

Depoimento de Caroline


"Oi, meu nome é Caroline Rocha, tenho 18 anos e estou revoltada.
Já abusaram demais da minha paciência, dizendo sempre que eu era um "doce" após pedirem inúmeros favores. Já abusaram da minha ingenuidade quando eu não entendia as coisas e deram risadas enquanto eu caía. Já fizeram de tudo pra me ver por baixo quando eu só queria cuidar da minha vida, o que afinal, era o que eles deveriam fazer. Já me colocaram no meio de discussões nas quais eu não tinha nenhum envolvimento e onde eu não ganharia nada, simplesmente pelo prazer de me ver ofendida. Já falaram muita coisa de mim, inventaram namorados, farras, palavras e até mesmo roubos em meu nome. Colocaram a culpa em mim quando na verdade eu só estava na hora errada e no lugar errado.
Já abusaram demais, já encheram demais, já me cansaram demais. Hoje, se quiserem falar, nem me importo, se quiserem me encher, não tô nem aí. Só não abusem, por que aí sim, eu desço do salto e rodo a baiana!
Muito obrigada pela atenção de vocês."

Caroline desce do palco com a pose e a elegância de uma rainha. E enquanto saboreia os biscoitos de seu pacote, reflete na vida e no quanto ela aprendeu apenas por ter a coragem de dividir com as outras pessoas aquilo que tanto lhe magoava.

(Ismália .)

domingo, 20 de junho de 2010

A árvore da esquina

Numa certa época do ano,
A árvore da esquina fica sem folhas
Seus galhos secos e tortos
Formam um desenho triste
É como se Deus quisesse
Me fazer pensar
Sempre que eu passar pela árvore

Parece que a árvore
Foi cuidadosamente colocada
Naquela calçada, em frente ao portão
No caminho da escola.
É engraçado que eu só reparo nela
Quando a vejo seca
Naquela cena solitária...

domingo, 13 de junho de 2010

Barquinho de papel

.
Meu barquinho de papel
Não pode navegar
Nem na pia do banheiro,
Nem na enxurrada e nem no mar

Meu barquinho de papel
Frágil como é
Não passa de um sonho feito
Numa folha qualquer.

(Ismália . )

sábado, 5 de junho de 2010

Pombo correio


Sinto uma agonia aterrorizante
E não sinto fome
Queria que esse pensamento fugisse por um instante
Mas ele não some

Minh'alma está restrita
A um nome elegante
Queria não estar tão aflita
Ao menos por um instante

As cores desta paisagem
Não me trazem felicidade
Só quero passar a mensagem
De que ainda sinto saudade